por Rafael Greca
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Neste artigo falo de Luz e do Apagão em Curitiba. Lembro um tempo em que a cidade só tinha 3 lampiões, um na porta da Câmara e Cadeia, dois na porta do Palácio. Lembro que a primeira lâmpada elétrica chegou aqui em 1886.Comento o absurdo dos 5 dias em que a rua de São Francisco no centro histórico ficou sem iluminação pública, no breu, |às escuras, como o diabo gosta. Falo de postes apagados, de apagão administrativo. Vexame gera vexame, erro gera erro. E escuro gera medo. Não podemos continuar assim. Espalhe, não guarde mais segredo. Compartilhe mais esta ideia de Luz.
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Na mesma semana que a Prefeitura anunciou « melhorias » na iluminação pública, por ironia denunciadora, Curitiba ficou sem luz nas ruas centrais.
Apagou, por exemplo, a rua de São Francisco, no Centro Histórico, uma das ruas mais antigas da cidade, uma das primeiras, senão a primeira, a receber o essencial serviço de iluminação pública.
Foram cinco dias sem luz e um com a iluminação oscilando: terça,17, no escuro; quarta,18, no breu; sexta, 20, no escuro ; sábado, 21, no breu; domingo, 22, no escuro; na quinta,19, no pisca-pisca, a luz piscava, ia-se e voltava.
Não venha a Prefeitura anunciar, no festim de desculpas esfarrapadas e debochadas que financia nas redes sociais, que o apagão-pisca-pisca na rua de São Francisco foi algum tipo de decoração natalina. Paciência tem limites.
Assim como a comunicação social de uma prefeitura, iluminação pública é coisa muito séria para ser levada no deboche, na galhofa, em tom descompromissado de quem força a risada para fugir da responsabilidade.
Lá na São Francisco, o comércio local fechou em desalento. Bares, restaurantes, pizzarias, teatros e lojas fecharam mais cedo, perderam movimento, perderam clientes, ficaram sem faturar. Os moradores viveram noites de medo. E os agentes da insegurança pública imediatamente ocuparam o território liberado.
Se a rua às claras já inspira cuidados, sem o devido policiamento; às escuras, no breu, ficou como o diabo gosta: embriagados e drogados multiplicaram-se. Paisagem de pane e pânico.
Quem se aventurou a ligar para o telefone 156 — telefone de reclamações da Prefeitura — ouvia: “culpa da Copel”. A boa notícia: ninguém engoliu mais essa mentira. Dentro das casas havia luz. Só faltava energia na rua.
A iluminação pública é atribuição da Prefeitura Municipal, que cobra para tal uma taxa lançada junto ao talão de IPTU. Seria culpa da Copel se a rede elétrica de todo o centro histórico tivesse caído. Mas, como já falamos, havia luz nas residências.
Esta cena de luminárias e postes apagados, nos remete à indesejável memória da sexta-feira, 9 de outubro, quando a curitibana Maria Ferreira Ribas, de 59 anos, ficou gravemente ferida, com traumatismo craniano, depois de ser atingida por um poste enferrujado da esquina da Rua 15 com João Negrão.
Os postes enferrujados ainda estão em corrosão, 152 ao todo, feitos por mim quando prefeito em 1993, para iluminar no estilo que Curitiba merece e exige o calçadão da 15.
Dona Maria Ferreira Ribas felizmente foi salva por pronto socorro do Hospital Evangélico. Está em sua casa em Uberaba, em estado que inspira cuidados, até hoje, faz severa fisioterapia, sem qualquer apoio dos debochados da ‘Prefs’ insensível.
Esse apagão é um símbolo. Não é de hoje o apagão administrativo desta Prefeitura infrutífera, que tanto apoio federal — do governo do PT/PMDB/PDT — disse ter para se eleger e que tanto infelicita a cidade.
Em 2014, a Prefeitura de Curitiba ficou seis meses sem poder trocar lâmpadas, dizem por erro na licitação, uns; dizem por inépcia, todos.
Depois, a Prefeitura tentou ressurgir das trevas, não trazendo luz, mas lançando mais uma campanha publicitária na TV sobre uma nova iluminação, ecologicamente correta. Blefe.
Plantaram de forma errática, uma centena de postes nos caminhos do Parque Barigui, lugar que não tem sido o mais seguro da cidade. Não deu resultado.
Recentemente recebi até um vídeo, via Whatsapp, de um incêndio em um dos quiosques do Barigui. Na ocasião, o PM pediu emprestado ao cidadão que filmava o extintor do seu carro, pois os guardas não tinham meios para apagar o fogo.
A atual escuridão faz lembrar a escuridão de Curitiba no século 18. No período colonial, narram as Atas da Câmara, a administração de então, em obediência aos provimentos do Ouvidor Pardinho, em 1721, só providenciava iluminação em dias santos de guarda: Natal, Páscoa, festa de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, Festa de São Miguel, o Anjo Custódio, protetor do Reino.
Quando da criação da Província do Paraná, em 1853, Curitiba só tinha três lampiões à óleo de peixe: um na parede da Câmara e Cadeia; e dois no portal do Palácio. Logo, o conselheiro Zacharias de Góes e Vasconcelos, nosso primeiro governador, encomendou mais 20 lampiões luminárias.
Em 1871, narra Ermelino de Leão, ao voltar de um Te Deum na igreja Matriz, atual praça Tiradentes, o presidente da província Adolpho Lamenha Lins e sua senhora Dona Cândida tropeçaram em uma vaca, em noite escura e de cerração. Foi o bastante para que fossem encomendados os lampiões à óleo de peixe, em ferro fundido. Similares aquele que se conserva no Museu Paranaense, e que fiz copiar e instalar no Largo da Ordem(foto) – entre 1993 e 1996.
Em 1874, por obra do presidente da Província Doutor Pedrosa, inaugurou-se a iluminação pública à querosene,uma rede com 100 lampiões.
Na noite de 19 de dezembro de 1886, foi exibida em Curitiba a primeira lâmpada elétrica, num poste da rua do Imperador – hoje rua XV — como sinal de modernidade e progresso. O povo aglomerou-se para aplaudir a inovação.
Em 1890 a Companhia Força e Luz de São Paulo foi contratada para fornecer energia elétrica em Curitiba.
Em 1892 a empresa Joseph Hauer & Filhos inaugurou a usina termoelétrica do Capanema, que passou a gerar eletricidade para iluminação em Curitiba. O próspero empreendedor germânico ergueu para sua residência, um Castelinho na subida da rua do Rosário, depois Colégio da Divina Providência, hoje sede da Uninter, defronte ao Memorial de Curitiba.
Em 1928 chegou a Companhia Força e Luz, de capital norte-americano e europeu.
Em 1951, o governador Bento Munhoz da Rocha Neto criou a Copel, Companhia Paranaense de Energia Elétrica.
Lembro que ainda menino vi apagões por causa da “hora de pico”. Vi o governo pedindo que as pessoas não ligassem televisões, rádios, geladeiras e chuveiros elétricos na mesma hora, para não cair a luz da cidade.
Com as sucessivas construções de hidrelétricas – Capivari Cachoeira e no rio Iguaçu — o problema acabou.
Quando fui prefeito iniciei um programa de economia de energia, instalando disjuntores que diminuíam os lumens da rede pública automaticamente depois de uma hora da madrugada.
Governei Curitiba, entre 1993-1996, acendendo luzes. Instalei na cidade milhares de postes, refletores, lampiões, lampadários republicanos de duas e de cinco lâmpadas. Insisti em programas como Natal de Luz, para multiplicar a claridão.
Realizei muitos sonhos. E não perdi a capacidade de sonhar. Agora sonho em implantar em Curitiba uma rede de iluminação movida a energia solar. Quero usinas de geração de energia sobre os terrenos dos lixões da Caximba e da Lamenha Pequena. Tetos solares nos prédios públicos, telhas fotovoltaicas na cobertura das casas da Cohab, araucárias de luz para abastecer bikes e carros elétricos. E quero muito.
Sempre recordo o imortal poeta alemão Goethe a pedir: “Quero Luz, mais Luz!”
Por isso, sinto tanta indignação ao assistir em 2015 uma rua inteira no escuro por cinco noites seguidas, sem aparecer a Prefeitura da Vila de Nossa Senhora da LUZ dos Pinhais na resolução de mais um vexame que poderia ter evitado se fosse previdente e eficiente. Se desse meios aos seus valoroso funcionários da SMOP.
Vexame gera vexame, erro gera erro. E escuro gera medo. Não podemos continuar assim. Espalhe, não guarde mais segredo. Compartilhe mais esta ideia de Luz.