Filipe Pechsicott Carvalho Lopes
A declaração de dona Marcia Fruet, presidente da FAS, a respeito da triste morte da moradora de rua Andreia Coelho e do ferimento em seu companheiro Cleverson, ato lamentável e repudiável ocorrido na calada da noite do domingo de Páscoa na Praça Osório, mostra a atual inoperância confessa de uma instituição que já foi exemplar. Instituição cuja missão é manter uma ação social eficaz capaz de proteger, acolher, erguer e encaminhar indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social. O posicionamento da presidente da FAS revela que a instituição tem sido sucateada e seu pessoal está acuado pela falta de ações mais eficazes, impedindo a abordagem e triagem correta. A presidente prefere culpar instituições e entidades respeitosas como a Associação Comercial do Paraná, criada há 123 anos pelo Barão do Serro Azul, pelo trágico fim da moradora de rua. Esquece que o primeiro dever é o socorrer o seu povo, acolhendo, encaminhando e erguendo os desvalidos, os descartados e desassistidos, além de prestar contas aos contribuintes municipais, que sempre tiveram orgulho da cidade de Curitiba. Comete equívoco a presidente da FAS ao se referir as políticas sociais anteriores à sua gestão, afirmando que “pobres eram escondidos em fazendas na RMC ou em imóveis insalubres”. Uma dessas fazendas, a Solidariedade, nunca “escondeu nenhum pobre”, mas dava abrigo, estendia uma mão de solidariedade e proporcionava capacitação profissional a quem necessitava. Quem conheceu a Fazenda e o FAS/SOS deve estranhar essa declaração pois ambos os projetos foram visitados pelo então presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias, pelos jornalistas Zuenir Ventura e Ricardo Kotscho, e pelo então deputado federal Márcio Moreira Alves, famoso por proferir discurso que serviu de justificativa para o Ato Inconstitucional nº 5 (AI 5) e que lhe rendeu a cassação em 1968. Todos elogiaram, a ponto de Enrique Iglesias triplicar os investimentos para a área social de Curitiba naquela ocasião, permitindo que novos projetos fossem realizados. Em tempos de cólera, em que os factoides proliferam, prefiro seguir a caminhada com a declaração de engenheiro e urbanista Rafael Greca: “A escuridão é o silêncio da luz”, frase de Dante Alligheri.