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Entre casarões e cortiços

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Fernando Cogrossi

 

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Curitiba, em sua diversidade e antigo esplendor, cidade acolhedora formada por vários povos, sofre hoje com a falta de segurança e a decadência do seu centro histórico. Sub-habitação e ocupação irregular atordoa desde o comercio diurno e, principalmente o noturno, da região das ruas do Riachuelo e de São Francisco.

Curitiba sofre com suas escolhas, o descaso. Mocós criados por uma  cracolândia em construção, nos andares de antigos hotéis que abrigavam a luz e o glamour que outrora cintilava naquela parte da cidade. Rafael Greca, no seu livro “Luz dos Pinhais” conta que “Jorge Pacífico Fatuch, imigrante sírio, logo que prosperou foi adquirindo imóveis na região do “Saara” curitibano. Foi dele o Palácio Tigre Royal, na esquina da Riachuelo com a praça Generoso Marques, já no começo do século XX. Em 1926 arrematou imóvel decorrente da falência da firma José Farani & Irmão, terreno hipotecado à família Hauer e associados. Fatuch comprou o velho casarão Farani na esquina da Riachuelo com a rua de São Francisco de Angêlo Guarinello e Alexandre Hauer. Pôs abaixo as ruínas , para ali inaugurar, em 1929, o suntuoso Palácio Riachuelo – que ainda ostenta as suas iniciais no frontão da esquina, onde um pórtico abriga loja e duas grandes sacadas com amplas portas janelas. A idéia de Fatuch era instalar  hotel ou moradias unifamiliares nos pavimentos superiores e lojas no térreo. De 1935 até o final da década de 1940 alugou o excelente ponto de esquina para as Casas Pernambucanas. Estas mudaram-se para a praça Tiradentes, esquina com Monsenhor Celso.Em 1946, a família Fatuch vendeu o imóvel para a “Feira dos Retalhos”.Aquele ponto era propício ao mercado de tecidos, atividade típica do Oriente Médio. A tradicional Casa Hilú, de tecidos finos e utilitários, teve ali seu terceiro endereço, vinda da Praça Generoso Marques.Persistiu até 1993. Quando fechou em 2013,já estava em prédio próprio mais moderno na mesma Rua Riachuelo.No caixa, por cinco décadas, dona Otília Nicolatti Hilu, atendia a seleta freguesia.”

Dona Ediméia, uma senhorinha muito simpática, que trabalha no brechó Veste Bem na esquina da Riachuelo com São Francisco, nos conta em suas palavras o relato diário do que se tornou uma rua histórica.

“Vivemos na insegurança, fechamos as portas com grades e cadeados e não sabemos se no dia seguinte teremos nossas roupas aqui dentro, ou somente os cabides na rua afora como ocorreu a poucos dias. Nossas grades são internas, porque se forem externas eles serram e levam para vender. As câmeras não funcionam, a polícia militar vem por alguns minutos e desaparece, a guarda é em menor número, vivemos na escuridão mesmo a luz do dia. Aí em frente temos o que era um hotel, eu nunca entrei dentro para saber, mas vejo pessoas saindo e entrando com suas trouxas de roupas e alguns pedaços de móveis. Não há controle, serve de motel na maioria das vezes, não digo que são todos de má índole, mas a grande maioria é usuário de drogas, prostitutas e até mesmo moradores de rua que passam noites, as vezes dias e reaparecem.”

Não há cuidados com o patrimônio, o local fede, é mal visto, e sujo. Parte de sua entrada já foi mexida sem os devidos cuidados, esse é apenas um caso da série de casarões do centro histórico que viraram cortiços dos tempos atuais, aonde uma grande sala com abóboda do teto reluzente vira uma cozinha comunitária regada a uma pia aonde não se consegue diferencia o que é louça de roupa, tudo é feito em um lugar só, os banheiros são comunitários e precários, as prostitutas atendem em seus quartos pichados e com portas com tramelas já que as fechaduras foram levadas, quando se é pouco o espaço, é refeito a parede de madeira qualquer uma nova divisão, se o piso está com cupim se coloca escadaria de ferro que não orna em nada com a escadaria de madeira que relembra o Paço Da Liberdade, os vitrais são quebrados por um muro irregular aonde a luz.

Não há saída para que em está fora querendo tocar seu comércio, ou segurança para quem frequenta os bares e restaurantes da região. A Prefeitura recebe aluguel de um proprietário que nunca é encontrado, dá desconto em troca de melhorias que não são vistas, no local apenas um jovem rapaz chamado Nelson é quem dita as regras e as formas de pagamento, regras das quais apenas aquele mundo ali dentro respeita, regras da sordidez, do tráfico, da prostituição, regras as quais foge a alçada da lei.

Valores são para todos os gostos, depende do m², se for 8, custa 360, se for 12 m² custa 480.

Curitiba não merece ter seu patrimônio jogado a própria sorte, nas mãos de pessoas que visam o lucro as custas de quem vem de fora em busca de um futuro melhor e acaba se hospedando em locais assim, como dito acima, nem todos são de má índole, mas os que são já causam um estrago e tanto, prostitutas, moradores de rua que por sinal fazem seus mocos no terraço, usuários e traficantes, pessoas desse nível deteriorando a cada dia um prédio que poderia ser uma casa de cultura, um restaurante adaptado, ou até mesmo moradia, mas desde que fosse regular e organizado.


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